Imagine quando alguém tem a brilhante ideia de fazer uma filme usando um trecho de sua música favorita da Legião Urbana. Qual o resultado? Para essa que escreve quase um festival de lágrimas. Para os fãs da banda, uma bela e honesta homenagem ao rock de Brasília e em especial a Renato Manfredini. Antes que paus e pedras sejam arremessados ao filme, é bom conferir no cinema. A mim, não foi clichê e o que mais me surpreendeu: não fez do gosto de Renato Russo por meninos um rabo de pavão. O filme é bastante sincero e como aparece no final, é uma livre interpretação da vida de Renato antes de ser o vocalista cultuado que ele se tornou.
Tudo começa em Brasília ainda na década de 70 e termina em 1985, quando a banda faz o histórico show no Circo Voador. A narrativa é ágil, tem uma câmera viva que acompanha as sinuosidades da personalidade e situações de Renato. Seu refúgio na literatura e na música e na amizade de Aninha, que seria a inspiração para Ainda É Cedo.
O outro perigo que poderia acercar o filme seria o protagonista. Sim, teria de se achar um ator que fizesse um Renato Russo sem exagero e que transmitisse toda a personalidade forte que ele tinha. A escolha caiu em Thiago Mendonça. Sim, ele fez o Luciano em os Filhos de Francisco. E podemos dizer que Luciano é uma poeirinha frente ao desafio de fazer o Renato.E foi com competência e ótima interpretação que Thiago fez um Renato digno. Não foi caricato e nem carregado nas afetações. Foi tudo na medida certa e a caracterização deu mais vida ainda à transformação do ator. Os outros personagens também foram acertados. Os pais de Renato ficaram na responsabilidade de Marcos Breda e Sandra Coverlone. Destaque também para Laila Zaid, que fez a Aninha. E ainda tem mais: o filho de Dado Villa-Lobos faz o papel do pai. O elenco foi outro acerto do diretor Antônio Carlos Fontoura.
Mais pontos positivos: mostrar bandas como Capital Inicial, Plebe Rude, Paralamas surgiram. Ver um Herbert Vianna mocinho, um Dinho Ouro Preto energético e um embrião do punk rock brasiliense em crescimento é uma verdadeira máquina do tempo e causa emoção a quem vivenciou esse desabrochar musical brasileiro em meio a um governo com resquícios militares.
Enfim, é um filme que pode ser saudosista mas é verdadeiro. Bom para os fãs, bom para quem quer saber um pouco mais de Renato Manfredini Russo e pra quem quer saber como tudo começou na icônica cena musical da década de 80.
Por Sandra Martins.
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