terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

A menina da tatuagem de dragão.




Surpreendente. Um pipoco. Assim pode-se classificar Os homens que não amavam as mulheres, de David Fincher. A nova versão da trilogia best seller de Stieg Larsson veio com ares hollywoodianos mas nas mãos do responsável e mutante Fincher. Sorte dessa trilogia ter sido ao cargo dele porque ele sempre faz filmes marcantes; que o diga Seven, O Clube da Luta e o premiado A Rede Social.

E o que ele fez com a menina tatuada. Pra começar, chamou o Bond Daniel Craig para ser o Mikael Blomkvist e fez vários testes para escolher a Lisbeth Salander, a mola mestra desse suspense. E eis que Rooney Mara (que já havia trabalhado em A Rede Social) foi a selecionada. Pra deixar o time ainda mais forte, foram chamados Christopher Plummer, Stellan Skarsgard, Robin Wright e Goran Visnijc (o bonitão do clipe The Power of Goodbye de Madonna). Afinal, ele iria recontar a história de um filme que tinha sido feito em 2009, muito perto em termos de datas.

Antes de ir ao filme, recado aos radicais que sempre dizem que o livro é superior ao filme. Quando se tem a oportunidade de levar às telas um bom livro, há de se escolher que vertente das várias existentes na história que vai ser a principal. No caso de Os homens, as veias escolhidas por Fincher foram a vida de Lisbeth Salander e o caso do assassinato de Harriet Vanger. Sim, você vai ver um filme de suspense com toques de drama e muita sensualidade por parte do casal protagonista. Sim, você vai sentir falta da profundidade da relação de Mikael com Erika e da ocupada vida sexual do jornalista. Mas esse detalhe e outros não comprometem o andamento da narrativa. Alguns detalhes são soltos ao longo do filme para se fazer a conexão e o final dá uma explicação boa do que se passou.


O interessante dessa história são os segredos dos Vanger, um clã superpoderoso da Suécia. Tudo começa quando o grande chefão Henrik decide contratar o jornalista Mikael Blomkvist para fazer as memórias do empresário e por baixo dos panos, investigar o desaparecimento de 40 de Harriet Vanger. Ao longo da investigação, Mikael se junta a Lisbeth para descobrir o que exatamente acontece naquela família e que fim levou Harriet. Aí está o segredo da trama: a história é contada através de fotos, flashbacks e muitas deduções, meu caro Watson. A cada cena novos elementos são adicionados para deixar com mais suspense ou levar a um suposto esclarecimento do crime. Nessa, se descobre que aconteceu um assassinato em série. E a vida de Mikael e Lisbeth vira de pernas pro ar. A cada segredo que eles descobrem, uma nova ameaça aparece para eles.

A fotografia remete ao frio da Suécia e é num tom azulado, cinza, com esse aspecto de frio extremo. A trilha sonora é ótima, começando com a abertura, uma das melhores de Fincher se comparada com a de O Clube da Luta. E ela ficou a cargo de Trent Reznor e Atticus Ross, que deram um climão de Rock ao som. E falando em trilha sonora, você nunca mais vai ouvir Orinoco Flow de Enya do jeito que ouvia antes. Fica a dica.

No mais, é um filme bem feito, redondo e que em sua continuação vai explicar mais o que se passou na vida de Salander, na de Mikael e como eles ficam mais ligados ainda. Ah, e se puder leia o livro. É ótimo e vai complementar aquilo que os detalhistas mais querem. A trilogia não deixa de ser um belo suspense que vai se desenrolando e prendendo cada vez mais. Sim, e o filme é de Lisbeth Salander. Ela é a pimenta que faltava na investigação de Mikael e ainda tem um passado cheio de tensões e mistérios que vão ser mostrados nos próximos filmes e também dentro de Os Homens que não amavam as mulheres. Daniel Craig tem sua parcela de culpa no sucesso. Ele encarnou o Mikael perfeitamente e renovou a interpretação do Blomkvist sueco.


Não viu o filme ainda? Está passando nos 2 cinemas da cidade e merece muito ser conferido. E a versão sueca? Deve ser vista também. Vou me preparar para ela!

Por Sandra Martins.

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