sábado, 21 de abril de 2012

Maman est chez le coiffeur

Que belo filme! Isso é o que pode se falar de "Mamãe foi ao cabeleireiro", produção canadense sob o comando de Léa Pool. O tema pode até ser batido - conflitos familiares - mas a condução e o roteiro se desviam do lugar comum em qual a maioria das produções que usam o mesmo tema acaba caindo. A mão segura de Tool na direção fazem de "Mamãe.." um diferencial. Todo o dilema que a família passa é recheado por belas canções e ótimas interpretações, especialmente das crianças.

A história toda começa quando a família perfeita racha quando a filha do meio desconfia da amizade do pai com o colega de golfe. A menina acha a aproximação e telefonemas deles estranhos e fica desapontada. A mãe, ao saber das suspeitas da filha (e finalmente flagrar a suposta traição) decide sair de casa. Calma, saber disso não tira o mérito do filme, pelo contrário, dá mais vigor à trama. Agora sim é que começa o dilema todo que se desenrola durante o filme. Como vai ficar essa casa sem a mãe?

Cada um encontra uma forma de superar e conviver com essa quebra. O filho mais novo, muito ligado à mãe, decide quebrar os bonecos arrancando a cabeça deles. O mais velho se concentra em construir um kart e participar de brincadeiras como 15 minutos no paraíso, enquanto a garota faz amizade com um surdo-mudo que era tido como o estranho pela vizinhança. A amizade entre os dois mostra a natureza ingênua do Sr. Mosca e como a menina amadurece durante o processo. As idas ao rio são a válvula de escape deles. O pai finalmente lida de verdade com a família. E os vizinhos nem percebem o que acontece na casa. Quando vão em busca da mãe, sempre ouvem a mesma desculpa para a ausência: "mamãe foi ao cabeleireiro". Daí o nome do filme. As interpretações são supreendentes, especialmente dos filhos mais novos. Sem falar nas histórias secundárias, que enriquecem ainda mais o filme.

A película mostra várias situações limite dentro de uma casa: a suposta homossexualidade do pai, a decepção da mãe ao ver a estrutura familiar acabar por causa disso e as angústias dos filhos ao perceber que a mãe não está com eles. Uma receita perfeita para se ter um filme cheio de preconceitos. Ao contrário disso, Léa mostra essa realidade de uma forma extremamente sensível e algumas vezes poéticas, com belas canções, belas paisagens e cenas de fazer suspirar.

É um filme muito bonito de se ver, de sentir. Não sabe o que assistir num fim de semana pela tarde? É uma ótima pedida para quem gosta de uma boa película.



Por Sandra Martins.

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