Tudo segue calmo até que os pais decidem agir pior que os filhos e partem para a agressão verbal e até física. O estopim é o abuso de Alan e seu celular, que nunca para de tocar e mostra o pouco caso que ele trata sua vida familiar. Uma das cenas marcantes é quando Nancy perde a paciência e joga o aparelho telefônico dentro de um jarro de tulipas. A cena que se segue a essa também é ótima, com o ataque de risos de Kate e Jodie ao ver o desespero de Alan quando ele “perde” o celular, que tem sua vida toda dentro. A partir daí, todos perdem o senso, falam demais e até tem uma DR, já que eles desabafam como são infelizes em seus relacionamentos.
A briga dos filhos é o pano de fundo para levar à tona toda a fragilidade existente nos relacionamentos dos pais. Comodismos, falta de afeto, excesso de trabalho são mascarados em nome dos filhos e por causa deles, aparece.
Mas o grande achado do filme é como o diretor trabalhou com apenas um cenário e não deixou a narrativa fraca ou cansativa. A pouca cenografia mostrou a competência de Polanski ao fazer um filme para bons atores. No caso, ótimas atrizes, já que elas dominam a película com suas fortes interpretações. Os diferentes ângulos, closes, tomadas e câmeras movimentadas dão toda uma vida ao que seria um resultado fatídico se caísse em mãos erradas. Ainda bem que caiu nas belas mãos de Roman Polanski, que soube dosar até a duração do filme, que nem chega a uma hora e meia, tudo em nome do desenvolvimento da história.
Carnage tem seus toques de humor, drama e nos dá um Polanski diferente daquele que estamos acostumados a ver e um filme que também merece ser visto. E o melhor, nos instiga a ver as outras obras cinematográficas dele.
Por Sandra Martins.
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