sábado, 9 de junho de 2012

A rainha malvada e o caçador


Assim deveria se chamar a versão punk rock quase Tim Burton de Branca de Neve e os sete anões. Ou melhor, Branca de Neve e o Caçador, a outra versão do conto dos irmãos Grimm adaptada por Hollywood. Diferente da primeira versão que é pop, essa segue um rumo mais punk rock, um estilo gótico que cativa o espectador.


A história é sobre a famosa Rainha Má que deseja matar a Branca de Neve e decide contratar um caçador para cometer o ato. Até aí tudo normal, mas as circunstâncias que levam a Rainha a decidir matar a princesa não são somente a inveja pura, mas a concretização de um feitiço feito pela mãe de Ravenna (o nome da Rainha Má) quando ela ainda era criança. Esse tal feitiço só pode terminar ou continuar se ela tiver o coração da Branca de Neve. Aí que entra em ação o Caçador, vivido por Chris Hemsworth. Esqueça Thor e suas atitudes de menino mimado. Chris consegue se livrar mais de Thor do que Kristen de Bella. Ele interpreta um caçador bêbado que afoga as mágoas da morte da esposa no álcool. Sabendo desse ponto fraco, a Rainha Má o chantageia para matar a princesa. Só que ela não contava que ele se afeiçoasse pela Branca de Neve e rompesse o acordado.

A ação pega pra capar começa com todo gás quando o Caçador e a Princesa entram na Floresta Negra e enfrentam a magia que a floresta tem. E é nela que eles encontram os oito anões (sim, oito!) que decidem ajudar a princesa a enfrentar os poderes de Ravenna. O que faz desse filme um diferencial é o modo como o diretor resolveu dar vida ao conto infantil. Ele separou bem os dois mundos: o gótico escuro da Rainha Má e o colorido vivo da natureza quando a Princesa entra na floresta chamada de Santuário. O figurino de Ravenna é um espetáculo a parte, principalmente perto do final do filme, quando ela assume uma postura mais má e ganha contornos de pássaros negros em seu vestuário. Se você achar essas cenas parecidas com “Frozen” de Madonna, não vai ser mera coincidência, pois a referência ao clipe feito por Chris Cunningham é clara.





Mas o filme é da Charlize Theron, já que por mais que Kristen se esforce para ser uma princesa ativa e guerreira, ainda não tem as condições para duelar de verdade com Charlize, que apesar de começar a película como uma rainha botulínica, ao decorrer da trama, ela vai ganhando ares de rainha louca e obcecada pelo seu objetivo de conseguir o coração da princesa. Suas roupas escuras ajudaram ainda mais na composição do personagem e ela toma o filme para si, juntamente com os outros personagens secundários, como os anões.

Opa, e voltemos ao conto de fadas. Outro ponto interessantíssimo é o rumo que toma a conhecida love story da princesa Branca de Neve com o Príncipe Encantado, que são separados ainda crianças quando a Rainha Má mata o Rei pai da Branca de Neve e toma o reino, expulsando a maioria dos moradores. Aí eu pergunto: lembra do título do filme? Ah e não se preocupe, não chega a ser um spoiler destruidor de narrativas.

A lição de moral? Ainda há blockbusters bem feitos. Ainda há adaptações de contos de fadas bacanas. Eu fico me perguntando como seria se Tim Burton estivesse na direção, como seria o resultado.

Antes que esqueça: sim, há saída para a falta de tino de interpretação para Kristen Stewart: trabalhar com Lars Von Trier. Aí ela vai aprender a interpretar de verdade e se livrar da pálida e insossa Bella do vampiro Edward.

Por Sandra Martins.

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